capa 103 que contam

Todo mundo já acordou num dia – dia de aflição. Porque inventaram que teria bolo e brigadeiro (aqui em Porto Alegre teria bolo e negrinho), e lá pelas cinco a parentada chegaria para deixar o guaraná esquentar no copo. Um tio metido a engraçadinho perguntaria “como é que é, que tal estar um dia mais velha?”, (e olha quanto existencialismo para nossos oitos anos, a gente só querendo jogar taco na calçada ou rebolar no bambolê). A aflição não era por conta da roupa que não podia sujar, amassar, até chegar o parente vindo de longe… Começava na noite anterior, quando dormíamos com aquela sensação de “e se amanhã não aparecer ninguém”?

Não me refiro ao tio, tia, ou primo que melecava as figurinhas dos Thundercats. E se os colegas, os guris do futebol e as gurias do clube nem pintassem? Báá. Aflição – Vinha como dor de barriga, um monte de negrinhos surrupiados da bandeja e um esquisitamento pelo corpo todo (vai ver que essa era a resposta que o tio merecia ouvir – crescer era isso: esquisitar!).
Dae, um dia crescemos e ficou muito feio admitir que. Não foi mais ou menos assim?

O blábláblá é só prá dizer que terça-feira, 12 de dezembro, eu e outros 102 autores, estaremos no Memorial do Rio Grande do Sul autografando a antologia de contos 103 que contam, organizada pelo Charles Kiefer e editado pela Nova Prova. O Memorial fica na Praça da Alfândega, bem no centro, coração verde da cidade. O coquetel começa as 19 horas e segue até quando todo mundo cansar de confraternizar.

Se estiveres na cidade na próxima terça, aparece lá. Porque, parafraseando o Caio Fernando Abreu, “se 103 autores num dia de dezembro” estiverem reunidos, certamente mais felizes estarão com a tua presença. Afinal, escrevemos porque precisamos para alguém-algo-contar. Falando por mim (mas não sozinha), no fundo ainda morro de medo de um dia dar de cara com um salão vazio, taças de vinho sem dono e histórias ao vento.

Para quem anda por outras paragens, aproveite e divulgue. Um jeito de falar que tem gente boa palavreando por aí.

Daniela Langer

Então Anota:
O quê: Lançamento e Sessão de Autógrafos do Livro 103 que contam
Quando: 12 de dezembro, terça-feira, a partir das 19 horas
Onde: no Memorial do Rio Grando do Sul – Praça da Alfândega, 834 – Centro – Porto Alegre

Sarau 30 de setembro

Evento já tradicional no circuito cultural da cidade, o Sarau Literário apresentará, no próximo sábado, dia 30, alguns trabalhos dos alunos da Oficina Literária ministrada pelo escritor Charles Kiefer.

A Palavraria, charmoso espaço no Bom Fim que congrega livraria, cafeteria e sala de aula para a Oficina, é também ponto de encontro de escritores jovens e consagrados, e do público interessado em boa literatura. É a livraria que organiza o evento e cede o espaço, servindo de palco para a leitura dos textos, tanto aqueles trabalhados em aula, prestes a serem publicados ou recentemente premiados.

Quem se apresenta desta vez é a turma de sexta-feira à noite, que conta com participantes já premiados em alguns dos principais concursos literários do país. Os temas dos textos da noite serão desde contemplação da efemeridade do ser humano até ditadura militar e política. Os autores são Cristina Moreira, Daniela Langer, Lívia Petry, Nelson Rego, Paulo Juner Dutra Martins.

A leitura dos textos começa por volta de 19:30, e contará com canja musical dos integrantes da banda Águas Turvas. A Palavraria fica na Vasco da Gama, 165, quase esquina com a Fernandes Vieira.